O Ceará e, sobretudo, o Município de Caucaia podem estar dando um passo importante para a futura instalação de parques off-shore (que ficam no mar) de geração de energia eólica. A ação seria pioneira no País e poderá ser concretizada, nos próximos anos, caso a proposta do secretário da Câmara Setorial de Eólica (CSE) do Estado, Fernando Alves Ximenes, de criar as Áreas Ecológicas Eólicas (AEE) avance na próxima reunião entre os representantes do setor com autoridades do Ibama, Conpam, Semace, Labomar e do próprio governo estadual, no próximo de oito de abril, na sede da Adece.
Conforme Ximenes, os órgãos que irão participar do encontro já sinalizaram ser favoráveis à ideia de se pré-determinar uma área para receber os investimentos advindos com os leilões. "A partir dessa reunião serão definidos os recursos do governo estadual para realizar os estudos com o fim de definir os lotes que estarão aptos para receber os empreendimentos. Estamos plantando uma semente e criando espaço para a eólica off-shore no Brasil. Queremos criar distritos eólicos assim como existem os distritos industriais", complementou. Ele destacou a distinção de zoneamento e AEE: "zoneamento é pura estimativa. Nesse caso, não há estudo nem EIA/ Rima. O investidor corre o risco de passar meses sem conseguir homologação dos órgãos competentes e, pior ainda, de nem conseguir".
Mais eficiência
Segundo Fernando, o litoral cearense apresenta condições favoráveis para a instalação das torres eólicas por conta do tipo de solo arenoso e da pouca profundidade. "A eficiência no offshore chega até 70%, contra 30% dos parques on-shore (na terra). Vamos subdividir em lotes todo o litoral para determinar os locais para instalação desse tipo de energia limpa", afirmou, lembrando que, no Ceará, a velocidade média dos ventos no mar (a 300 metros da praia) gira em torno de 6 e 10 metros por segundo ante 4 a 8 m/s na terra. Em contrapartida, segundo ele, as AEEs não serão exclusivas para offshore. "Também serão definidas no on-shore. Em Caucaia, por exemplo, já existem três grandes áreas em estudo".
Primeiro município
Na opinião de Fernando Ximenes, o território e o litoral de Caucaia foram indicados para serem estudados por conta de sua grande extensão e proximidade com a Região Metropolitana de Fortaleza. "Além disso, há outros requisitos técnicos. O objetivo é tornar Caucaia como exemplo para estudos nas demais cidades cearenses".
Conforme o secretário de Desenvolvimento de Caucaia, Eliseu Souza dos Santos, o município está atraindo várias empresas, com o Complexo Portuário do Porto do Pecém (Cipp), o que vai exigir mais demanda por energia, com o desenvolvimento da região. "Só neste ano estamos em conversação com cerca de 100 empresas interessadas em se instalar por aqui. Além disso, temos um território muito grande e algumas dificuldades nessa área. A instalação das torres eólicas poderia ampliar a nossa capacidade de geração de energia e atender à demanda crescente no futuro".
EM INVESTIMENTOS
Brasil é o sexto em energia limpa
São Paulo Os investimentos mundiais em energia limpa alcançaram o valor recorde de US$ 243 bilhões em 2010, com alta de 30% ante 2009, segundo pesquisa divulgada ontem pelo The Pew Charitable Trusts.
O Brasil ficou em sexto lugar no ranking mundial, com US$ 7,6 bilhões em investimentos ante US$ 7,7 bilhões em 2009. Nas primeiras posições ficaram a China (US$ 54,4 bilhões), a Alemanha (US$ 41,2 bilhões) e os Estados Unidos da América (US$ 34 bilhões).
"O setor de energia limpa está emergindo como um dos mais dinâmicos e competitivos do mundo, testemunhando 630% de crescimento em financiamentos e investimentos desde 2004", disse Phyllis Cuttino, diretor do programa de energia limpa do Pew. A energia eólica continuou a ser a tecnologia favorita para os investidores, com US$ 95 bilhões aplicados no ano passado.
Fonte solar
O setor solar experimentou alta significativa em 2010, com investimentos aumentando 53%, chegando ao recorde de US$ 79 bilhões e mais de 17 gigawatts de novas capacidades de produção global. A Alemanha respondeu por 45% dos investimentos mundiais em energia solar. Os investimentos nos países do G-20 contabilizaram mais de 90% do total mundial.
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=955439
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