sexta-feira, 10 de junho de 2011

Timba é a nova moeda social em Juazeiro do Norte

Fortalecer a economia local e levar serviço bancário à população são os objetivos de projeto social no Timbaúba


A Comerciante Beta Nascimento aderiu ao projeto por entender que é uma boa alternativa para acabar com o fiado entre os consumidores do bairro

FOTOS: ELIZÂNGELA SANTOS



Juazeiro do Norte O uso da moeda social tem sido uma alternativa para as comunidades se desenvolverem. E os comerciantes têm aderido à ideia. Com cerca de 10 mil habitantes, o Bairro Timbaúba, em Juazeiro do Norte, está começando este trabalho, com a moeda Timba. O projeto do Banco Comunitário tem se desenvolvido por meio de parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Centro de Desenvolvimento Comunitário da Timbaúba (CDCT). Mesmo com uma sede provisória e ainda sem os equipamentos, a experiência inicia e os moradores estão animados com a ideia. O Banco já tem dez clientes.

O vice-presidente do CDCT, Juraci Barbosa, afirma que as primeiras notas já estão em circulação. Dois estabelecimentos comerciais já estão usando a moeda social. No bairro são mais de 200. São microempreendedores que terão oportunidade de melhorar o seu negócio. Segundo Juraci, o pipoqueiro, a manicure e costureiras, também terão a oportunidade de obter os pequenos empréstimos na nova instituição.

Doação

O projeto é um dos produtos da proposta do Centro Comunitário. A ideia veio a partir de um terreno doado pela Prefeitura para a entidade. A construção de boxes com negócios variados farão parte do grande empreendimento. E o banco terá sua sede definitiva no local. Para a comerciante Bete Lima do Nascimento, esta alternativa tem sido muito importante para a comunidade. Ela acredita que o projeto irá crescer junto com a comunidade, que precisa. Um dos pontos positivos tem sido a eliminação das vendas fiado no seu mercantil. E exibe as notas na moeda Timba com alegria.

São cédulas de T$ 0,50 a T$ 5,00. Cada cliente poderá pegar emprestado até R$ 50,00, caso tenha a necessidade de comprar algum alimento para casa, medicamento ou mesmo a taxa de consumo de energia. Cada Timba equivale a R$ 1,00. Nesses casos, não serão cobrados juros, até a data prevista para o reembolso ao banco, em 30 dias.

Os empréstimos voltados para a produção poderão chegar a R$ 300,00, e terão juros, mas baixos. Deverão ser pagos em duas ou até três parcelas, a depender do valor emprestado. E há critérios a serem seguidos para ter o crédito. Um deles, de acordo com Juraci, é a indicação de dois moradores do bairro, de que o cliente é um bom pagador. Para que o cadastro seja feito, um representante do Centro Comunitário e um dos estagiários da UFC, que estão orientando os usuários e acompanhando o projeto, vão realizar uma pesquisa. O resultado sairá após duas semanas.

Festa junina

De acordo com o representante comunitário, é importante ir com calma, por conta da condição do banco, ainda com pouco capital de giro. A moeda circulante no Timbaúba só poderá ser utilizada como meio de bonificação, na aquisição de mercadorias ou serviços por comércios ou pessoas conveniadas com o banco. E aproveitando a fase junina, no dia 23 a comunidade fará uma festa para arrecadar fundos e ir fortalecendo a instituição.

O projeto de extensão produtiva da UFC tem o apoio do Ministério da Educação. Serão quatro estagiários da universidade que estarão mais próximos da comunidade para acompanhar as atividades. São alunos de cursos como Direito, Administração, Psicologia e Economia, com coordenação do professor da UFC, Eduardo Vivian Cunha. As cédulas impressas na própria região são invioláveis. Juraci destaca a importância dos moradores cuidarem bem das notas, que possuem tarja prateada com lacre de segurança. O designer insere desde plantas, como o coqueiro, a um burro puxando uma carroça. Para maior divulgação do banco, Juraci defende o retorno da linha de ônibus, que parava em frente à sede provisória.

Ele disse que a falta de manutenção das ruas impede que o transporte coletivo chegue até a comunidade.

Fique por dentro

Bancos comunitários

Comunidades de vários Municípios do Estado têm aderido à moeda social, inclusive em Fortaleza. As instituições financeiras tem como base a Economia Solidária. O Estado do Ceará está prestes a aumentar seu número de bancos comunitários e moedas sociais. Entre os dias 31 de maio e 23 de junho, o Instituto Palmas e a Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social do Estado realizarão uma caravana que vai passar por dez cidades cearenses para inaugurar 10 novos bancos. Já são cerca de 30 cidades utilizando as moedas sociais. Os bancos comunitários também têm a proposta de fortalecer a economia local.

MAIS INFORMAÇÕES

Banco de Desenvolvimento Comunitário, Rua Estelite Silva, 722

Bairro Timbaúba, Juazeiro do Norte

Telefone: (88) 3511.5270


Elizângela Santos
Repórter

Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=994898

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