Apesar de tragédias no País e algum embate com a oposição, o quarto mês de gestão começa com alta popularidade
Brasília/Sucursal. Dilma Vana Rousseff, a primeira mulher a ocupar o posto mais do Executivo nacional, completa, hoje, 100 dias na Presidência, em um começo de governo marcado por desastres naturais, conflitos mundiais e tensões para conter o avanço da inflação.
Se por um lado o balanço parece ser negativo, por outro Dilma deu mostra de sua força e independência tanto na política interna como externa. A ex-ministra da Casa Civil conseguiu cortar as brigas internas dos aliados em momento crucial, como o da votação do salário mínimo e manteve a base unida até mesmo com o corte em todas as emendas parlamentares. Na política externa, ela mostrou prestígio internacional ao receber o presidente norte-americano, Barack Obama, antes mesmo de ter visitado os Estados Unidos.
Superado o temor de ser apenas uma sombra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma inaugura os 100 dias de governo com um elevado índice de popularidade. A presidente tem a aprovação de 56% dos brasileiros, que consideram sua gestão ótima ou boa, de acordo com pesquisa encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O desempenho da ex-ministra da Casa Civil supera o índice registrado por Lula em março de 2003, no início de seu primeiro mandato. Na época, levantamento CNI/Ibope mostrava o governo com aprovação de 51%. No segundo mandato, em março de 2007, o índice de aprovação do governo era de 49%. O tucano Fernando Henrique Cardoso tinha 41% no início de seu governo, em 1995. Ao abrir seu segundo mandato, em março de 1999, FHC tinha 22%.
Para a professora de Ciências Políticas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLHC), Maria Hermínia Tavares, a presidente Dilma Rousseff conseguiu construir uma identidade própria que não se confunde com a de Lula.
"É um estilo muito diferente da figura do Lula", disse a professora. Segundo ela, a nova presidente teve habilidade para transformar algumas características que podiam ser desvantagens, como se expor menos, em vantagens.
"Isso poderia construir uma distância em relação ao eleitorado, mas tem sido elaborado de maneira mais adequada, com um estilo mais discreto, mas de alguém que tem firmes as rédeas do governo e as rédeas do processo decisório", diz. De acordo com Hermínia, mesmo com pouco tempo no cargo, a presidente já tem uma figura própria, distinta de Lula, mas igualmente popular.
Resultados inesperados
Os números das recentes pesquisas de opinião, como CNI/Ibope, representaram uma relativa surpresa para a presidente Dilma. Antes de saírem os primeiros resultados, de acordo com a imprensa, a própria Dilma proibiu sua equipe de preparar uma comemoração para a data histórica de 100 dias de governo. Enquanto a pesquisa CNI apontou uma aprovação de 56%, a Pesquisa Datafolha indicou uma aceitação de 47%.
A aprovação popular supera as expectativas principalmente depois dos embates que a presidente teve que enfrentar. Em primeiro lugar a pressão da oposição, e até mesmo de alguns integrantes da bancada governista, por um salário mínimo de R$ 600,00, depois reduzido para R$ 560,00 e que acabou ficando, por pressão direta da presidente petista, em R$ 540,00.
O corte de mais de R$ 50 bilhões no Orçamento, eminentemente nas emendas orçamentárias provocou ondas de revolta dentro do Congresso Nacional, contidas pela presidente da mesma forma que fez com o caso da definição do valor do salário mínimo: quem não apoia o governo, está contra o governo. Com esta perspectiva partidos como o PDT foram ameaçados de terem seus cargos cortados.
A presidente tomou posse para o primeiro ano de governo em um período conturbado. Não só no Brasil os desastres naturais, como as chuvas que afetaram a região serrana do Rio em janeiro passado, foram impactantes. No Japão, o terremoto, o tsunami e depois o perigo de uma crise nuclear abalaram a economia mundial. A crise nos países árabes, em especial Egito e Líbia, também se mostraram fontes de preocupação para o governo brasileiro.
As posições individuais de Dilma quanto à política externa foram expressas desde o início de seu governo e foram sinalizadas com o recente voto do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiando o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã.
Diálogo no Congresso
Em meio à crise da votação do salário mínimo, o primeiro embate enfrentado pela presidente com o Congresso, no início de gestão, a petista teve a oportunidade de escalar a tropa de choque governista e cobrar das siglas aliadas fidelidade à posição do governo federal.
Na avaliação dos especialistas, Dilma foi bem-sucedida em sua primeira celeuma com o Congresso. Conseguiu, segundo eles, pacificar bancadas aliadas e foi habilidosa ao esperar a votação de projetos de interesse do governo para iniciar a indicação do segundo escalão.
"Até o presente momento, ela foi bastante habilidosa, não negociou espaço antes que a base governista votasse os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e conseguiu manter uma coesão", ressaltou o professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira.
BANCADA NO CONGRESSO
Para cearenses, início foi equilibrado
Brasília. Equilíbrio e sobriedade. Para a bancada cearense no Congresso, são estas as duas palavras que definem os primeiros 100 dias do governo Dilma.
"A presidente Dilma conseguiu dar continuidade e ao mesmo tempo o avanço em seu governo", avaliou o vice-líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães. A proposta de erradicação da pobreza é a principal aposta de todos os cearenses, eles acreditam que o fim da miséria no País será a grande marca do governo Dilma.
A austeridade econômica da presidente também foi objeto de elogio por parte dos cearenses. Mesmo os parlamentares que viram suas emendas contingenciadas acreditam que a decisão do governo federal foi a melhor para o País. "O governo Dilma tem sua própria dinâmica. Suas possibilidades de dar continuidade à política iniciada com Lula e as potencialidades de avanços permitem afirmar que este seja o terreno propício para a manutenção do desenvolvimento do País", avalia o senador Inácio Arruda (PT).
O deputado André Figueiredo (PDT) acredita que, em poucos meses de governo, Dilma já impôs sua marca. "A presidente está fazendo uma gestão equilibrada. Eminentemente técnica, ela soube impor seu estilo, com medidas mais duras, evitou a volta da inflação e não colocou em risco a geração de empregos, que é o mais importante".
Para o deputado Genecias Noronha (PMDB), a presidente mantém o legado de Lula e avança em questões fundamentais tanto na política interna como externa. No cenário internacional, ele reconhece a importância da reaproximação do Brasil com os Estados Unidos, evidenciada com a visita do presidente Barack Obama ao País, em março. Já na política local, o deputado observa avanços no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no controle da inflação preservando investimentos.
"A presidente Dilma está demonstrando bastante independência ao tomar medidas de ajustes necessárias e que trarão um retorno positivo ao Brasil no próximo ano", afirmou Genecias Noronha.
Segundo o deputado Danilo Forte (PMDB), a presidente Dilma se destacou nos 100 primeiros dias de governo com a "preocupação de reorganizar as contas públicas, para que o País continue crescendo e tendo credibilidade no mercado internacional". Para Danilo, ela está atuando para que o Brasil possa concluir obras importantes e avançar nos investimentos.
O deputado destacou que na área social o governo Dilma apresentou avanços no Programa Bolsa Família, "que tem transformado a vida das pessoas mais pobres e a realidade econômica do Brasil, principalmente da Região Nordeste".
OPINIÃO
"Dilma conseguiu dar ao mesmo tempo continuidade e avanço"
José Guimarães
Deputado Federal (PT)
"Ela teve a preocupação de reorganizar as contas públicas"
Danilo Forte
Deputado federal (PMDB-CE)
"Ela soube impor seu estilo, com medidas mais duras e evitou a volta da inflação"
André Figueiredo
Deputado federal (PDT-CE)
RELAÇÃO COM O MUNDO
Pragmatismo na política externa
Brasília. O pragmatismo com que o Itamaraty tem trabalhado suas ações no cenário internacional desde que Antonio Patriota assumiu a chefia da chancelaria brasileira é uma das principais marcas do início de gestão do governo Dilma na área da política externa.
Segundo especialistas, Dilma mostra maior apreço às instituições, particularidade que advém de uma característica pessoal dela, e deixa de lado orientações de cunho mais ideológico que marcaram a gestão do ministro Celso Amorim no governo Lula.
O antagonismo entre o pragmático e o ideológico ficou claro no último dia 24, quando a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU mudou o rumo que vinha tomando até então e votou a favor do envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã.
"Com o novo posicionamento, o Brasil se reaproxima de sua essência democrática, distanciada no governo Lula, que fez com que o País atingisse seu status atual", afirma o cientista político, Heni Ozi Cukier. Segundo ele, a relação entre países não pode ser guiada por filtros ideológicos dessa natureza e deve ser mais pragmática.
Na opinião de Cukier, a escolha do governo Lula em se aproximar de países como o Irã, a Venezuela e a Bolívia, e adotar uma posição de conflito com os Estados Unidos está diretamente ligada à questão ideológica e mancha a imagem do Brasil no exterior a troco de "ganhos nulos". "O Lula, sim, ganhou uma grande exposição. Mas o Brasil teve uma exposição negativa".
O professor do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado, Georges Landau, destaca a escolha de Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores, um diplomata de carreira, e não político.
"Patriota é um homem vinculado emocionalmente aos EUA e vai trabalhar por esse relacionamento, o que é muito positivo para o Brasil", disse.
ANNE FURTADO
REPÓRTER
Brasília/Sucursal. Dilma Vana Rousseff, a primeira mulher a ocupar o posto mais do Executivo nacional, completa, hoje, 100 dias na Presidência, em um começo de governo marcado por desastres naturais, conflitos mundiais e tensões para conter o avanço da inflação.
Se por um lado o balanço parece ser negativo, por outro Dilma deu mostra de sua força e independência tanto na política interna como externa. A ex-ministra da Casa Civil conseguiu cortar as brigas internas dos aliados em momento crucial, como o da votação do salário mínimo e manteve a base unida até mesmo com o corte em todas as emendas parlamentares. Na política externa, ela mostrou prestígio internacional ao receber o presidente norte-americano, Barack Obama, antes mesmo de ter visitado os Estados Unidos.
Superado o temor de ser apenas uma sombra do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Dilma inaugura os 100 dias de governo com um elevado índice de popularidade. A presidente tem a aprovação de 56% dos brasileiros, que consideram sua gestão ótima ou boa, de acordo com pesquisa encomendada ao Ibope pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O desempenho da ex-ministra da Casa Civil supera o índice registrado por Lula em março de 2003, no início de seu primeiro mandato. Na época, levantamento CNI/Ibope mostrava o governo com aprovação de 51%. No segundo mandato, em março de 2007, o índice de aprovação do governo era de 49%. O tucano Fernando Henrique Cardoso tinha 41% no início de seu governo, em 1995. Ao abrir seu segundo mandato, em março de 1999, FHC tinha 22%.
Para a professora de Ciências Políticas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLHC), Maria Hermínia Tavares, a presidente Dilma Rousseff conseguiu construir uma identidade própria que não se confunde com a de Lula.
"É um estilo muito diferente da figura do Lula", disse a professora. Segundo ela, a nova presidente teve habilidade para transformar algumas características que podiam ser desvantagens, como se expor menos, em vantagens.
"Isso poderia construir uma distância em relação ao eleitorado, mas tem sido elaborado de maneira mais adequada, com um estilo mais discreto, mas de alguém que tem firmes as rédeas do governo e as rédeas do processo decisório", diz. De acordo com Hermínia, mesmo com pouco tempo no cargo, a presidente já tem uma figura própria, distinta de Lula, mas igualmente popular.
Resultados inesperados
Os números das recentes pesquisas de opinião, como CNI/Ibope, representaram uma relativa surpresa para a presidente Dilma. Antes de saírem os primeiros resultados, de acordo com a imprensa, a própria Dilma proibiu sua equipe de preparar uma comemoração para a data histórica de 100 dias de governo. Enquanto a pesquisa CNI apontou uma aprovação de 56%, a Pesquisa Datafolha indicou uma aceitação de 47%.
A aprovação popular supera as expectativas principalmente depois dos embates que a presidente teve que enfrentar. Em primeiro lugar a pressão da oposição, e até mesmo de alguns integrantes da bancada governista, por um salário mínimo de R$ 600,00, depois reduzido para R$ 560,00 e que acabou ficando, por pressão direta da presidente petista, em R$ 540,00.
O corte de mais de R$ 50 bilhões no Orçamento, eminentemente nas emendas orçamentárias provocou ondas de revolta dentro do Congresso Nacional, contidas pela presidente da mesma forma que fez com o caso da definição do valor do salário mínimo: quem não apoia o governo, está contra o governo. Com esta perspectiva partidos como o PDT foram ameaçados de terem seus cargos cortados.
A presidente tomou posse para o primeiro ano de governo em um período conturbado. Não só no Brasil os desastres naturais, como as chuvas que afetaram a região serrana do Rio em janeiro passado, foram impactantes. No Japão, o terremoto, o tsunami e depois o perigo de uma crise nuclear abalaram a economia mundial. A crise nos países árabes, em especial Egito e Líbia, também se mostraram fontes de preocupação para o governo brasileiro.
As posições individuais de Dilma quanto à política externa foram expressas desde o início de seu governo e foram sinalizadas com o recente voto do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiando o envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã.
Diálogo no Congresso
Em meio à crise da votação do salário mínimo, o primeiro embate enfrentado pela presidente com o Congresso, no início de gestão, a petista teve a oportunidade de escalar a tropa de choque governista e cobrar das siglas aliadas fidelidade à posição do governo federal.
Na avaliação dos especialistas, Dilma foi bem-sucedida em sua primeira celeuma com o Congresso. Conseguiu, segundo eles, pacificar bancadas aliadas e foi habilidosa ao esperar a votação de projetos de interesse do governo para iniciar a indicação do segundo escalão.
"Até o presente momento, ela foi bastante habilidosa, não negociou espaço antes que a base governista votasse os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado Federal e conseguiu manter uma coesão", ressaltou o professor de Ciência Política da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Marco Antonio Carvalho Teixeira.
BANCADA NO CONGRESSO
Para cearenses, início foi equilibrado
Brasília. Equilíbrio e sobriedade. Para a bancada cearense no Congresso, são estas as duas palavras que definem os primeiros 100 dias do governo Dilma.
"A presidente Dilma conseguiu dar continuidade e ao mesmo tempo o avanço em seu governo", avaliou o vice-líder do PT na Câmara, deputado José Guimarães. A proposta de erradicação da pobreza é a principal aposta de todos os cearenses, eles acreditam que o fim da miséria no País será a grande marca do governo Dilma.
A austeridade econômica da presidente também foi objeto de elogio por parte dos cearenses. Mesmo os parlamentares que viram suas emendas contingenciadas acreditam que a decisão do governo federal foi a melhor para o País. "O governo Dilma tem sua própria dinâmica. Suas possibilidades de dar continuidade à política iniciada com Lula e as potencialidades de avanços permitem afirmar que este seja o terreno propício para a manutenção do desenvolvimento do País", avalia o senador Inácio Arruda (PT).
O deputado André Figueiredo (PDT) acredita que, em poucos meses de governo, Dilma já impôs sua marca. "A presidente está fazendo uma gestão equilibrada. Eminentemente técnica, ela soube impor seu estilo, com medidas mais duras, evitou a volta da inflação e não colocou em risco a geração de empregos, que é o mais importante".
Para o deputado Genecias Noronha (PMDB), a presidente mantém o legado de Lula e avança em questões fundamentais tanto na política interna como externa. No cenário internacional, ele reconhece a importância da reaproximação do Brasil com os Estados Unidos, evidenciada com a visita do presidente Barack Obama ao País, em março. Já na política local, o deputado observa avanços no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e no controle da inflação preservando investimentos.
"A presidente Dilma está demonstrando bastante independência ao tomar medidas de ajustes necessárias e que trarão um retorno positivo ao Brasil no próximo ano", afirmou Genecias Noronha.
Segundo o deputado Danilo Forte (PMDB), a presidente Dilma se destacou nos 100 primeiros dias de governo com a "preocupação de reorganizar as contas públicas, para que o País continue crescendo e tendo credibilidade no mercado internacional". Para Danilo, ela está atuando para que o Brasil possa concluir obras importantes e avançar nos investimentos.
O deputado destacou que na área social o governo Dilma apresentou avanços no Programa Bolsa Família, "que tem transformado a vida das pessoas mais pobres e a realidade econômica do Brasil, principalmente da Região Nordeste".
OPINIÃO
"Dilma conseguiu dar ao mesmo tempo continuidade e avanço"
José Guimarães
Deputado Federal (PT)
"Ela teve a preocupação de reorganizar as contas públicas"
Danilo Forte
Deputado federal (PMDB-CE)
"Ela soube impor seu estilo, com medidas mais duras e evitou a volta da inflação"
André Figueiredo
Deputado federal (PDT-CE)
RELAÇÃO COM O MUNDO
Pragmatismo na política externa
Brasília. O pragmatismo com que o Itamaraty tem trabalhado suas ações no cenário internacional desde que Antonio Patriota assumiu a chefia da chancelaria brasileira é uma das principais marcas do início de gestão do governo Dilma na área da política externa.
Segundo especialistas, Dilma mostra maior apreço às instituições, particularidade que advém de uma característica pessoal dela, e deixa de lado orientações de cunho mais ideológico que marcaram a gestão do ministro Celso Amorim no governo Lula.
O antagonismo entre o pragmático e o ideológico ficou claro no último dia 24, quando a representação do Brasil no Conselho de Direitos Humanos da ONU mudou o rumo que vinha tomando até então e votou a favor do envio de um relator independente para investigar a situação das garantias individuais no Irã.
"Com o novo posicionamento, o Brasil se reaproxima de sua essência democrática, distanciada no governo Lula, que fez com que o País atingisse seu status atual", afirma o cientista político, Heni Ozi Cukier. Segundo ele, a relação entre países não pode ser guiada por filtros ideológicos dessa natureza e deve ser mais pragmática.
Na opinião de Cukier, a escolha do governo Lula em se aproximar de países como o Irã, a Venezuela e a Bolívia, e adotar uma posição de conflito com os Estados Unidos está diretamente ligada à questão ideológica e mancha a imagem do Brasil no exterior a troco de "ganhos nulos". "O Lula, sim, ganhou uma grande exposição. Mas o Brasil teve uma exposição negativa".
O professor do curso de Relações Internacionais da Fundação Armando Alvares Penteado, Georges Landau, destaca a escolha de Antonio Patriota para o Ministério das Relações Exteriores, um diplomata de carreira, e não político.
"Patriota é um homem vinculado emocionalmente aos EUA e vai trabalhar por esse relacionamento, o que é muito positivo para o Brasil", disse.
ANNE FURTADO
REPÓRTER
Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=962895
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