domingo, 1 de maio de 2011

Muito barulho por (quase) nada...

Na tarefa de fiscalizar o Executivo, a oposição até se sai bem. Porém, é na hora de apresentar alternativas sólidas para os problemas da cidade que as forças adversárias titubeiam


Eles são poucos, contam com menos recursos que os grupos que comandam a política local, mas, ainda assim, conseguem fazer barulho e incomodar os governistas de plantão. Sobretudo na Capital, os opositores ganham força. Têm conseguido se inserir em alguns setores da sociedade. Apontam falhas, criticam o que está aí. Porém, a aparente vitalidade embute um drama: na hora de apresentar alternativas, nem sempre conseguem mostrar algo novo.


O POVO procurou políticos que estão na linha de frente da oposição cearense para perguntar o que os faz jogar no time adversário e que tipo de soluções, afinal, cada um propõe para resolver os graves problemas do Ceará, principalmente de Fortaleza. Na resposta, encontrou a comum dificuldade dos líderes para formular modelos concretos – e inovadores – de gestão.

As propostas são incolores e raramente fogem do óbvio. No caso da prefeita Luizianne Lins (PT), a crítica fundamental volta-se para as supostas “inoperância” e “desorganização” do Executivo, que se afoga em prazos e, agora, amarga reclamações pelo atraso de obras e promessas não cumpridas. Questionados sobre o que fariam de diferente, parte dos opositores apontam a redefinição de prioridades na gestão e o planejamento como solução. Além de saídas específicas para questões pontuais, quase nada, a não ser o genérico.

A situação é mais grave quando se trata do Governo Cid Gomes (PSB), que sequer precisa se preocupar em se defender. Na Assembleia Legislativa, apenas um deputado tem feito críticas sistemáticas: Heitor Férrer (PDT), que durante a produção desta reportagem encontrava-se fora do País e não pôde ser contatado. Nem mesmo o PSDB ou o PR, que no ano eleitoral de 2010 ensaiaram um embate, têm se destacado como forças adversárias.

Imediatismo
Justiça seja feita. No papel de fiscalizar, a oposição, tanto em Fortaleza quanto no Ceará, tem mostrado competência. Mas é quando se pedem respostas sólidas para as dificuldades da cidade é que se percebem as falhas. Representante da oposição à Prefeitura de Fortaleza, a deputada estadual Patrícia Saboya (PDT) afirma que “não vê, na oposição, qualquer proposta”, embora se diga orgulhosa por ter, em 2008, conseguido “oferecer à cidade” uma plataforma de governo. De forma geral, a impressão que se tem é de que as forças opositoras só conseguem concretizar um projeto alternativo de poder às vésperas das eleições.

Nas próximas páginas, O POVO detalha o discurso da oposição cearense, antecipando ao eleitor o que ele deverá encontrar na disputa de 2012 que já se aproxima, além de explicar por que, afinal, o Ceará está carente de opositores.

METODOLOGIA

Os opositores foram ouvidos pelo O POVO por telefone. A análise da reportagem foi feita com base nas conversas mantidas durante a apuração e também no tipo de abordagem que se tem feito nos espaços institucionais de poder. A intenção do material foi apresentar propostas concretas da oposição.

Hébely Rebouças

hebely@opovo.com.br

Fonte: http://www.opovo.com.br/app/opovo/politica/2011/04/30/noticiapoliticajornal,2183415/muito-barulho-por-quase-nada.shtml

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