Cearenses já são 8,1 milhões

O IBGE divulgou dados preliminares sobre a coleta do Censo 2010. Juazeiro do Norte é o mais populoso do Interior
Fortaleza. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, ontem, os resultados do encerramento da coleta do Censo Demográfico 2010. Os dados definitivos sairão no próximo dia 29. O Brasil está com 185,7 milhões de habitantes e o Ceará com 8,1 milhões. Em 2007, o Estado tinha 7,4 milhões, o que representa um crescimento de 9,45% (749.426 pessoas). É o 8º Estado mais populoso do País.

A Capital continua sendo a cidade com maior número de habitantes, com 2.315.116. Em segundo lugar está Caucaia, localizado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), como 286.446. Já no Interior, o Município de Juazeiro do Norte, no Cariri, está em primeiro lugar, com 244.701 pessoas.

Em quarto lugar, Maracanaú (RMF) com 200.797, seguido de Sobral (Zona Norte), com 181.010. Em sexto, Crato (Cariri) com 119.949, depois Itapipoca (Litoral Oeste) 114.693; Iguatu (Centro-Sul), 95.011; Maranguape (94.641); e Quixadá (Sertão Central) com 79.455. Estes são os dez Municípios mais populosos do Ceará.

O prefeito de Juazeiro do Norte, Manoel Santana, recebeu a notícia do crescimento da população do Município com satisfação, mas, ao mesmo tempo com preocupação. A cada dia aumentam os problemas da cidade, principalmente no tocante ao sistema de trânsito. O crescimento da população, segundo Santana, deve a proporcional prestação de serviços públicos.

Para absorver um aumento desse porte, "são necessários investimentos maciços em infraestrutura, ou seja, em saneamento básico, manejo de resíduos sólidos urbanos (lixo), energia, habitação, transporte, hospitais, escolas, segurança etc", diz o prefeito, advertindo que surge um novo desafio: "encontrar emprego ou qualquer atividade legal para atender ao grande número de jovens que estão entrando no mercado de trabalho força de trabalho nacional".

Já o Município menos populoso do Ceará é Granjeiro, como 4.616 pessoas. Em seguida, Pacujá (5.986), Baixio (6.020), General Sampaio (6.099), Potiretama (6.110), Guaramiranga (6.451), Ererê (6697), Altaneira (6821), Senador Sá (6.852), Antonina do Norte (6.916).

De acordo com o coordenador de Operação do IBGE do Censo 2010, no Ceará, Josemar Tiné, a diminuição ou aumento no número de habitantes se dá por vários motivos como a seca, a qualidade da educação, da saúde, que faz como que os moradores procurem cidades que ofereçam melhor qualidade de vida. No entanto, esses dados, assim com os das outras cidades podem mudar, pois as equipes do IBGE continuam em campo. Além disso, a contar de ontem, as prefeituras terão 20 dias para apresentar suas avaliações sobre os números divulgados.

Legislação
Segundo Josemar Tiné, esta primeira divulgação é para cumprir a legislação. "Mas, até o dia 15 ou 20, os recenseadores estarão trabalhando". Durante esse prazo, o IBGE continuará com suas equipes nas ruas e trabalhando internamente na supervisão e no controle de qualidade de todo o material coletado e para prestar os devidos esclarecimentos, quando necessários, aos integrantes das Comissões Censitárias Estaduais (CCE) e das Comissões Municipais de Geografia e Estatística (CMGE) e às Prefeituras. Uma das atividades de supervisão consiste no retorno aos domicílios onde o recenseador encontrou evidência de morador, mas ninguém foi recenseado.

Esses resultados preliminares serão apresentados às prefeituras por meio de ofício do IBGE e em reuniões das CCE e das CMGE, onde eventuais dúvidas deverão ser esclarecidas.

A Assessoria de Comunicação do IBGE no Rio de Janeiro informou que os dados estão abertos a questionamentos e podem variar na próxima divulgação. Sobre temas como características dos domicílios, relações de parentesco, fecundidade, educação, trabalho, renda, cor, raça e religião, só serão fornecidos, detalhadamente, ao longo do próximo ano. "No dia 29 é possível que se tenha alguma informação sobre isso, mas ainda não foi feito nenhum tratamento estatístico. É necessário passar por uma ponderação extensa por cada região".

Municípios
5,5 mil municípios brasileiros participaram da realização do 12º Censo Demográfico, iniciado no dia 1º de agosto. Foram percorridos os 8.514.876,599 km² do território nacional

PREFEITOS
Números do IBGE são contestados
Fortaleza. A diminuição no número de habitantes em Municípios está deixando diversos prefeitos insatisfeitos. Para a presidente da Associação dos Municípios e Prefeitos do Estado do Ceará (Aprece), Eliene Brasileiro, a questão dos limites territoriais também influenciou nesses primeiros dados.

De acordo com ela, o Censo 2010 nos 47 municípios que estão com problemas de divisa começou baseado nos novos mapas do Ipece. No entanto, em reunião feita em outubro, ficou acordado que o IBGE passaria a reutilizar os mapas de 2007. Porém, conforme aponta, ainda não se sabe se os novos dados foram modificados. "É preocupante estarem anunciando esses números".

O coordenador de Operação do IBGE do Censo 2010, no Ceará, Josemar Tiné, disse ainda não poder afirmar se a mudança dos dados demográficos foi com base nos mapas de 2007. "Creio que ainda não foi atendido o pleito do prefeitos devido ao curto prazo. No entanto, com certeza, na próxima divulgação, os números deverão ser corrigidos".

Ele informou, também, que está sendo feita uma "varredura" em todo o Estado. "As equipes estão visitando novamente casas que foram encontradas fechadas, por exemplo, e verificando se houve alguma omissão para que, assim, todos os domicílios possam ser visitados". Ainda segundo ele, se houve diminuição, o IBGE quer identificar qual foi o motivo e justificar para os gestores.

O prefeito de Canindé, Cláudio Pessoa, disse que vai encomendar uma pesquisa para saber quem foi pesquisado no Município. Segundo ele, ninguém o entrevistou durante o recenseamento. O IBGE previa em 2009, 77.552 moradores, porém, está com 73.175. Em Caridade, segundo dados do IBGE, moravam em 2009 19.233 moradores. Depois do Censo, ficaram no Município 17.181. A queda é de 2.052 habitantes.

O prefeito de Caridade, Júnior Tavares, está preocupado. "A perda populacional poderá nos causar transtornos nas receitas do Município. Foi um duro golpe nas pequenas regiões. Quem sobrevive do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) tornou-se inviável administrar com tantos prejuízos", lamenta ele.

No Município de Paramoti, no ano de 2009 moravam, de acordo com dados do IBGE, 12.130 pessoas. Com o Censo deste ano, existem, agora, 11.064 habitantes.

EVELANE BARROSSUBEDITORA DO REGIONAL



 Fonte: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=879542