Em sua 17ª edição nacional e 2ª em Caucaia, o Grito tem por tema: Pela Vida grita a TERRA… Por direitos todos nós! As catástrofes ambientais, conseqüência do desequilíbrio causado pelo modelo de produção vigente do sistema capitalista, a miséria e a pobreza, a concentração de riquezas e exploração irresponsável dos recursos naturais, são gritos por cuidado, justiça e dignidade que ecoam mundo afora.
O Grito dos/as Excluídos/as pretende levar às ruas o grito da Mãe Terra sofrida com tantos projetos de morte, os quais, escondidos atrás das máscaras do desenvolvimento, destroem a natureza e colocam em risco toda espécie de vida sobre o Planeta. Conseqüência também desse modelo de desenvolvimento capitalista, que visa tão somente o lucro desenfreado de alguns poucos, é a negação dos direitos básicos da população: saúde, educação, moradia, acesso à Terra, à Água, lazer, cultura, emprego, soberania alimentar… O governo anuncia o ascenso de 35 milhões de pessoas à classe média, porém, isso não significa que os direitos básicos destes e dos que continuam a linha de pobreza e miséria tenham sido garantidos.
Papel importante no fortalecimento do sistema capitalista é a mídia hegemônica, dominada pelas grandes corporações. Se o capitalismo afirma que é preciso produzir sempre mais, conta com o apoio da mídia, que incute nas pessoas, principalmente nas crianças e jovens, o desejo do consumo desenfreado, criando diariamente, através das propagandas mentirosas e enfeitadas, ilusões de necessidades.
Acontece que a produção está para o aumento dos lucros e não para as necessidades básicas das populações. Nunca se produziu tanto e, comparativamente, tivemos tantos pobres.
Alguns questionamentos nortearam a discussão no encontro em torno do tema: Ainda temos excluídos/as? Onde eles/as estão? Eles/as reconhecem que são excluídos/as? E nós, agentes de pastorais e militantes de movimentos sociais, também nos reconhecemos como excluídos/as? Vimos que os/as excluídos/as continuam existindo e o Grito continua com sua razão de existir. Nossa missão é identificar as realidades de exclusão, ter consciência delas e transformá-las. Ser excluído/a é uma realidade que ninguém deseja ser, mas é real, não podemos negá-la. Esse é o primeiro passo na luta pela inclusão, contra todo tipo de exclusão. Quem é excluído/a e nega esta condição, não assume a luta pela transformação.
No Ceará, a discussão está girando em torno dos grandes projetos do agrohidronegócio, das obras de infraestrutura e da Copa do Mundo. Os/as excluídos/as são também massacrados por estes grandes projetos do capital nacional e internacional. As obras são planejadas e concretizadas a toque de caixa, empurradas de goela abaixo.
As comunidades atingidas não participam do processo de discussão sobre a viabilidade social e ambiental destas obras e, ao final, precisam ser remanejadas de seus espaços ancestrais ou então continuam vivendo nestes espaços, mas sofrendo os impactos diretos destes empreendimentos.
O cenário político também está em crise. As políticas públicas de atendimento aos pobres e de cuidado com o meio ambiente ainda são muito falhas ou inexistem em alguns âmbitos. Alguns projetos de lei de parlamentares até vão na contramão da preservação ambiental, como o que propõe as mudanças no Código Florestal. As obras da Copa, por exemplo, irão remanejar, para áreas de alto risco, muitas comunidades atingidas; outras serão escondidas pelos muros da vergonha e não serão, sequer, ouvidas em suas reivindicações. Esta novela se repete há muitos anos, a cada vez que surge um novo grande empreendimento. Sob o discurso que é uma obra de interesse social os governos e empresas seguem alagando seus territórios de injustiça e exploração, enquanto os pobres têm seus direitos violados e seus espaços usurpados.
São tantos gritos que ecoam pelo mundo. A Mãe Terra “geme como em dores de parto” (Rm 8,22). O Grito pretende ser um momento de fortalecimento das lutas populares, bem como de dar visibilidade aos processos alternativos que estão sendo construídos a partir das bases, que apontam para uma outra sociedade possível, mais justa e igualitária.
O Grito dos/as Excluídos/as não é um evento isolado, ele vai para além dos protestos do dia 07 de setembro. Faz parte de um processo de mobilização e lutas pelos direitos, bem como de construções coletivas em torno de uma outra maneira de ver a Terra e de usufruir de suas riquezas, a partir dos princípios do respeito, da convivência e da sustentabilidade.
Por todo o Brasil, os gritos se unirão num só, e tecerão a colcha do projeto popular. Desde já, todas as comunidades são convidadas e preparar o Grito com bastante entusiasmo, ao mesmo tempo em que fortalecem as lutas locais em favor da Mãe Terra, Terra de Deus e nossa, e dos direitos dos pobres, filhos/as da Terra, pobres de Deus.
Fonte: Thiago Valentim CPT CE
E Caucaia? Também tem excluídos? A Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres juntamente com as demais paróquias de Caucaia está organizando o 2º Grito dos Excluídos de Caucaia. O tema deste ano será: Pela Vida grita a TERRA… Por direitos todos nós!
As pastorais e movimentos sociais juntamente com a população de Caucaia se concentrarão em frente à Estação de Caucaia, próximo a antiga garagem da empresa Vitória e farão algumas paradas em frente a órgãos municipais e instituições privadas para mostrar a realidade dos excluídos.
A primeira parada será em frente a Secretaria de Sáude de Caucaia, onde a companheira Iolaene, representando a Área Pastoral do Araturi (comunidades do Araturi, Esplanada do Araturi, Catorze, Boa Vista, Parque Albano, Novo São Miguel e Parque das Nações) falará sobre a realidade dos postos de saúde, onde muitos funcionam de forma precária como é o caso do Posto de Saúde do Parque Albano que funciona numa casa adaptada sem estrutura de funcionamento, segundo normas do Ministério da Saúde sem falar na ausência de alguns profissionais que compõem o PSF, os hospitais, os ceos e a futura Policlínica de Caucaia. A segunda parada será em frente a Caixa Econômica e quem falará será o Rosaldo do MST que mostrará a realidade dos assentamentos do município. Em seguida, parada na Bam Bam Calçados e um representante da Pastoral da Juventude fará uso da palavra para denunciar o descaso do Poder Público para com a juventude do nosso município, principalmente com a questão da área de lazer.
O encerramento será na Praça da Câmara de Vereadores com apresentações indígenas, capoeira e dança ecológica com jovens do Araturi.